Dialogando com a Su da “Bem me Vi” e os desafios do Trabalho sem Patrão

#1 Construindo Pontes entre quem Produz sem Patrão

Iniciamos por meio desse diálogo com a Su da Bem me Vi uma série de outros diálogos com pessoas que se propõem a trabalhar sem patrão, na busca de estabelecer, construir e fortalecer pontes, para divulgar iniciativas e grupos que colocam a autogestão na prática em seu dia-a-dia.

Produzindo sem Patrão Dialogando com a Su da Bem me Vi

Produzindo sem Patrão: Qual é a sua motivação de trabalhar autonomamente?

Bem me Vi: Acho importante quebrar o paradigma de uma suposta segurança em se trabalhar para uma empresa/pessoa/estado, além de Logo Bem me Vipoder fazer o que gosto e quero, no meu tempo e vontade, sem receber ordens e lidar com gente tentando me destruir. Não quero ter que cumprir horários e perder minha vida presa num escritório sem ver a luz do sol para receber o mínimo possível. Com isso também questiono o consumismo percebendo que não preciso ganhar mais para gastar mais, naquela lógica infinita do ‘preciso do meu emprego para pagar meu carro que é necessário pra me transportar até meu emprego’…

Produzindo sem Patrão: Desde quando existe a Bem me Vi? Como Surgiu?

Bem me Vi: A Bem me Vi surgiu em 2014, da minha necessidade de independência financeira e ativismo também, ao terminar a faculdade e me mudar para Salvador, onde me distanciei da minha área de atuação e pude voltar para algo que sempre gostei de fazer, mas não conseguia imaginar como uma ‘profissão’.

Produzindo sem Patrão: Como e com quem você aprendeu o que produz?

Bem me Vi: Alguns conhecimentos de costura, por exemplo, aprendi com minha mãe e tias/tio que trabalham com isso, de serigrafia e alimentação com amigos e amigas veganas e claro, muita coisa na internet com tutoriais, oficinas e cursos pela vida =)

Produzindo sem Patrão: Quais as maiores dificuldades e os prazeres encontrados nesse caminho de trabalho sem patrão?

Bem me Vi: Dificuldades são a falta de incentivo, o desânimo quando longe de outras pessoas na mesma luta, a ‘instabilidade’ financeira… Já os prazeresBem me Vi são vários, desde uma sensação de autocontrole da própria vida, o poder de definir a própria rotina – que pode, ainda, nem ser uma rotina na verdade – respeitando nossa fisiologia, como poder fazer os próprios horários e ter tempo pra tudo que consideramos realmente importante.

Produzindo sem Patrão: Acompanhamos o seu trabalho e vemos que você integra de certo modo o trabalho com a militância, como por exemplo, as oficinas de absorventes de pano com mulheres. Conte pra gente um pouco dessa conexão entre o que você produz e o que você acredita.

Bem me Vi: Sim, acho importantíssimo aliar a teoria com a prática! Me preocupo em criar e trabalhar com o que não considero supérfluo, Bem me Vi Abiose de certa forma que seja questionador. Não incentivar a indústria farmacêutica, fazer roupas e acessórios duráveis e com garantia vitalícia, além de deixar o valor o mais justo possível, para ser realmente acessível… daí dentro desse ativismo, procuro passar pra frente esse cuidado feminista com nós mesmas, e o mínimo que posso é essa oficina, quando reúno as mulheres pra trocar experiências, conversar, ter esse momento juntas pra criar e se transformar.

Produzindo sem Patrão: O que você produz e vende atualmente?

Bem me Vi: Confecciono absorventes menstruais reutilizáveis de tecido, bolsas, carteiras, estampo camisetas em silk, pó dental natural, alfajores veganos e também revendo coletores menstruais.

Produzindo sem Patrão: Quais são os meios que você utiliza pra divulgar seus produtos e quais lugares que podemos adquirir um material seu?Bem me Vi Camiseta e Bolsa

Bem me Vi: Monto a banquinha da Bem me Vi em feiras independentes e também em locais como faculdades e eventos, além de fazer entregas por encomenda (de bike!) e vendas pelo site. https://www.facebook.com/bemmevi/ e http://www.bemmevi.com.br/

Produzindo sem Patrão: Espaço livre pra você ficar a vontade pra dizer o que quiser:

Bem me Vi: Muito foda o fortalecimento e divulgação de outros empreendimentos autônomos, como o de vocês. Vida longa ao real cooperativismo e empoderamento das pessoas =)

     Agradecemos sua disposição pra construir essas pontes com o Produzindo sem Patrão.